O modelo de sala de aula tradicional é totalmente padronizado, isto é, as aulas são sempre dadas da mesma maneira. Este modelo não se enquadra mais a atualidade, onde estamos inseridos na sociedade do conhecimento, ao dinamismo das ações e ao acesso em tempo real de informações. Este modelo de sala de aula é o modelo utilizado na era industrial, não se enquadra mais a necessidade de orquestração do ensino que vivemos hoje. Os paradigmas mudaram, a capacidade de disseminar informação explodiu, mas as salas de aula e os métodos de ensino continuam os mesmos.
O conceito de orquestração em sala de aula se refere à colaboração entre os participantes, a fim de construir uma organização que aprenda trabalhando em conjunto e que valorize a troca de informações. Para que a orquestração ocorra, alguns pilares devem ser construídos e utilizados como novas bases para as salas de aula, tais pilares seriam: sujeitos que saibam que tem de aprender pelo resto da vida; sujeitos com confiança em si; sujeitos que consigam trabalhar em grupo; e pensamento criativo.
As aulas tradicionais não permitem a utilização de tais pilares, pois ainda existe grande assimetria na sala de aula, isto é, ainda se convive com a relação: “O professor tem o poder. Enquanto ele fala todos os alunos ficam quietos e assimilam informação”. Esta assimetria não permite a troca de experiências, além de ser agravada por problemas de comunicação entre professor e aluno. A utilização de mapas conceituais permite essas mudanças no espaço da sala de aula e valoriza a troca de experiências e informações.
O mapa conceitual não se trata de um organograma ou um fluxograma. O mapa conceitual é uma ferramenta de organização e representação visual do conhecimento. O mapeamento conceitual se forma da mesma maneira pela qual formulamos nossos pensamentos, utilizando conceitos e proposições. Os mapas procuram unir um conceito inicial a um conceito final, vinculados por um termo de ligação lógica. Esta metodologia procura expressar de forma amigável o que sabemos com o que outras pessoas conhecem. Abaixo o exemplo de um mapa conceitual sobre Mapas Conceituais.
A utilização de mapas conceituais permite a criação colaborativa de conhecimento, e pode ser dividida em três fases:
– Intrapessoal: Visão pessoal do participante sobre o assunto. Etapa individual que exige a reflexão do participante sobre o assunto, para que consiga identificar o que conhece sobre o assunto e qual sua possível colaboração sobre o mesmo.
– Intrapessoal / Interpessoal: Fase onde as informações externas são assimiladas e novas conclusões são tiradas. Elicitação do conhecimento.
– Interpessoal: União das ideias através da colaboração de todas as partes, isto é, fase onde os estímulos de pensamentos e colaboração entre o grupo são mais fortes e decisivas.
A utilização de mapas conceituais favorece a utilização da aprendizagem significativa, que nada mais é, do que a adição de uma informação nova a um conhecimento prévio.
Para construção dos mapas conceituais podemos seguis as seguintes etapas:
– Possuir uma pergunta cuja resposta estará expressa no mapa conceitual;
– Escolher um conjunto de conceitos (palavras-chave) dispondo-as aleatoriamente no espaço;
– Escolher um par de conceitos para estabelecer as relações entre eles;
– Definir uma frase de ligação entre esse par de conceitos;
– Repetir os passos de escolha dos pares de conceitos e definição das frases de ligação tantas vezes quanto for necessário, até que todos os conceitos escolhidos tenham, ao menos, uma ligação com o outro conceito.
A utilização de técnicas de metacognição – pensamento sobre o pensamento – para o desenvolvimento de técnicas de aprendizagem é muito interessante, pois até hoje se esperava que aprendêssemos, mas raramente nos ensinavam a aprender. Atualmente, algumas editoras de livros têm lançados títulos que utilizam técnicas de metacognição para transmitir a informação, podemos citar como exemplo a editora O’Reilly Media. A utilização de metacognição em livros incorpora a associação de imagens, diálogos, balões, frases de destaque escritas em fontes maiores e atividades ao conteúdo das obras.
Abaixo o mapa conceitual da linguagem de consulta LINQ (fonte: http://blogs.msdn.com/blogfiles/ericnel/WindowsLiveWriter/MyfirstconceptmapLINQoverview_AB4D/LINQ%20v1_2.jpg).
Como técnica de estudo, sempre desenhei mapas relacionando conceitos e ideias, mas nunca soube da existência de uma metodologia que empregasse tal técnica para o ensino. Ao ver a utilização de mapas conceituais deparei-me com uma técnica da qual estou acostumado a praticar, de maneira inconsciente, sendo tão amplamente valorizada e fonte de tamanha revolução.
É realmente motivador ver a adoção de novos métodos de aprendizagem com o intuito de melhorar o ensino e prover melhor absorção das informações, na tentativa de reverter um cenário que a alguns anos não vem funcionando corretamente e que não se enquadra nas necessidades atuais.
Existem softwares gratuitos que auxiliam na construção de mapas conceituais, como o Edraw Mindmap: http://www.edrawsoft.com/concept-mapping-software.php
Por
MSc. Fernando Henrique Inocêncio Borba Ferreira
Microsoft Most Valuable Professional – Visual C#
Referências
Anotações de aula feitas pelo aluno durante a disciplina de Preparação Pedagógica, do curso de Pós-Graduação em Sistemas de Informação, pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. 24 de Março 2011.
Freeman, Eric; Freeman, Elisabeth; Head First – Design Patterns; O’Reilly Media, ed. 2. 2007.
Moreira, M. A. Mapas conceituais e aprendizagem significativa. Instituto de Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, Brasil, 2006.
Tavares, R. Construindo mapas conceituais. Ciências & Cognição, vol 12:, pag. 72-85, Departamento de Física, Universidade Federal da Paraíba (UFPB), João Pessoa, Paraíba, Brasil. 2007.
Fala Fê! Cara muito legal esse método de mapeamento, eu costumo usar algo parecido para brainstorm. Boa dica!
Abraço!
Vlw pelo comentário, Edu! []s!